O
Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) é caracterizado pela
ingestão sem controle de uma grande quantidade de alimentos, seguida de culpa e
angústia, e ausência de métodos compensatórios inadequados para controle do
peso, como provocar vômito, tomar laxante ou praticar por várias horas
atividades físicas exaustivas, por exemplo.
Dentre
os transtornos alimentares, como anorexia e bulimia nervosas, esta é uma nova
categoria diagnóstica proposta pelo DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico da
American Psychiatric Association). É bastante comum: estudos apontam que o TCAP
atinge 2% da população em geral e 30% dos obesos que procuram tratamento para
perda de peso, sobretudo as mulheres (cerca de 60% dos casos), segundo o
psicólogo Sérgio Stefano, mestre em Ciências da Saúde e doutorando no
Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/EPM).
Durante
os "episódios" - como especialistas denominam os ataques vorazes à
comida -, a pessoa tem a sensação de perda de controle: ela não sabe nem o que
e nem o quanto come. "A pessoa só pára se alguém entrar no local, ou por
mal estar físico ou se a comida acabar. Esse comportamento provoca um grande
sofrimento e compromete seriamente a qualidade de vida do paciente. A pessoa
deixa de freqüentar ambientes sociais (principalmente se houver comida) e sua
auto-avaliação se baseia somente em como ter controle sobre a comida. Caso
consiga controlar os episódios, sente-se bem; se tem um ataque de compulsão,
perde auto-estima.
O
TCAP não tem uma causa definida; é uma doença multifatorial, ou seja, pode ser
desencadeada por uma conjunção de aspectos como traços de personalidade
individuais, pressão cultural (a adoção de dietas alimentares esdrúxulas, com
longos períodos sem comida) ou por fatores como depressão, ansiedade, angústia.
Em geral, ocorre um círculo vicioso: a pessoa sente depressão ou ansiedade e
busca na comida satisfação. Mas após ter um ataque voraz, sente-se culpada e
crescem a depressão ou a ansiedade novamente.
Pode
surgir em qualquer idade, mas acomete principalmente jovens na faixa dos 20
anos. Pessoas com auto-estima baixa e com pensamentos dicotômicos - que se
alternam entre o controle e o descontrole total - têm mais possibilidade de
serem acometidas. Alguns especialistas acreditam que os mais perfeccionistas e
exigentes tendem a ter mais possibilidades, já que estão sujeitos a maiores
níveis de ansiedade e estresse.
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